No laboratório São Paulo todos os cuidados e recomendações sugeridas pela Sociedade Internacional
de Hemostasia e Trombose são seguidas
Importância de um laudo descritivo:
Como a pesquisa do anticoagulante lúpico deve ser realizada e interpretada:
Testes de rastreamento/triagem (screening):
A ideia aqui é utilizar testes coagulométricos onde as concentrações de fosfolípides sejam mínimas
com diferentes ativadores (pelo menos dois).
Um teste de triagem alterado significa que a razão entre o paciente e o controle é maior ou igual a
1,20, isto é, existe um prolongamento do tempo até a formação da fibrina do paciente em relação
ao controle maior ou igual a 20%. Quando isso acontece temos duas interpretações: deficiência de
algum fator ou a presença de algum inibidor da coagulação.
Uma vez que a triagem está alterada o próximo passo e a realização do ensaio de mistura.
Ensaio de mistura: A utilização de uma mistura de um pool de plasma de pessoas normais ou um
calibrador que contenha níveis conhecidos de fatores da coagulação nos permitem separar se o
alargamento do TTPa ou do TVVRd são causados pela deficiência de fatores, uso de antagonistas da
vitamina K ou pela presença de inibidores da coagulação. Nos dois primeiros casos o teste vai
normalizar com a adição do pool/calibrador e na presença de inibidores os testes permanecerão
alargados. Os mesmos valores de corte da triagem são utilizados, a razão entre o paciente e o
controle é maior ou igual a 1,20 (relação paciente/controle maior ou igual a 20%).
Podemos interromper neste ponto a pesquisa do anticoagulante lúpico caso haja correção dos
tempos, isto é, se a razão entre o paciente e o controle estiver menor que 1,20. Este resultado sugere
a deficiência de fatores, seja esta congênita ou adquirida (uso de varfarina, hepatopatia grave,
coagulação intravascular disseminada…)
Entretanto se a correção dos tempos não ocorrer estamos diante da presença de algum inibidor da
coagulação. Os anticoagulantes orais diretos (Apixabana, Rivaroxabana, Edoxaban, Dabigatrana), as
heparinas não fracionadas e de baixo peso molecular além a fondaparinux podem se comportar
como inibidores da coagulação neste caso.
Obviamente, a presença de inibidores contra os fatores
da coagulação (mais comuns, inibidores de FVIII ou IX) e o anticoagulante lúpico vão manter o ensaio
de mistura alargado. Fica então indicado seguir para o teste confirmatório.
O confirmatório vai responder à pergunta sobre quem está mantendo alargado o ensaio de mistura.
Adicionamos fosfolípide na reação que se manteve alargada após a realização da mistura. A correção
dos testes aponta para a existência de um inibidor fosfolípide dependente, o anticoagulante lúpico.
A não correção nos indica a existência de outro inibidor da coagulação. É importante lembrar que as
heparinas e os DOACs podem funcionar como inibidores da coagulação não fosfolípides
dependentes.
É extremamente importante que todos os passos realizados estejam visíveis no laudo com seus
tempos e razões descritas, além da interpretação do que aconteceu em cada um deles. Ver os
tempos e correlacionar com os controles nos ajuda na interpretação dos resultados. Além disso no
final do laudo uma conclusão tem que estar claramente descrita, presença ou ausência do
anticoagulante lúpico